O acidente com o ônibus dos torcedores do Corinthians e o Condomínio.

Nos últimos dias a imprensa noticiou de modo massivo um lamentável acidente com um ônibus de torcedores do Corinthians.

Em resumo, um grupo de torcedores contratou uma empresa de transporte para ida e volta, interior de São Paulo à Minas Gerais, para assistir um jogo do time do coração. No retorno, o veículo perdeu o freio e se envolveu em um terrível acidente que culminou na morte de 7 (sete) torcedores e outros tantos feridos.

Não resta dúvida do quão triste e lamentável é este cenário.

Após o acidente constatou-se que[1]: (i) o motorista estava com a CNH suspensa por excesso de infração; (ii) 0 veículo acumulava mais de 16 multas de trânsito, além de estar com IPVA e licenciamento vencido; (iii) o tacógrafo estava irregular há 3 anos; e, (iv) não tinha autorização da ANTT para prestar esse tipo de serviço.

Você deve estar se perguntando o que esse fato tem a ver com o mundo condominial. Mas acredite, há muito que podemos tirar dessa lição!

Vamos lá.

Inúmeras vezes, no mercado condominial, seja por falta de conhecimento, seja por necessidade de “economia”, os gestores buscam apenas empresas que apresenta o menor custo, sem se atentar a algumas questões essenciais para aquele tipo de serviço.

Certamente você já participou de uma assembleia onde, para aprovar uma obra, foram apresentados apenas o nome das empresas e o valor dos orçamentos, e, lógico, a escolhida foi aquela que apresentou o menor valor.

Nada contra esse procedimento, desde que antes tenha se avaliado todos os requisitos indispensáveis para contratação.

Reparem que a maior parte das irregularidades constatadas após o acidente poderiam ser facilmente consultadas antes da contratação, por meio de uma consulta na internet. Outras dependeriam apenas de solicitar a apresentação de documentos essenciais, cuja validade também poderia auferida na internet.

O objetivo deste artigo não é criticar os torcedores ou a empresa de transporte, isso não me cabe. Mas, gostaria de usar esse fato para chamar atenção a necessidade de cautela mínima na hora de uma contratação.

Antes da contratar, desde o serviço mais simples, até os mais complexos, é essencial que você se certifique quanto a regularidade técnica da empresa e de seus sócios, como esta empresa se posiciona no mercado, qual a qualidade de atendimento posterior a contratação, como está o score, há ações ou pendencias judiciais, enfim, uma ampla due diligence que torne a contratação o mais segura possível.

Claro que isso não exime 100% de riscos, mas reduz significativamente as probabilidades de contratempos e problemas. Afinal, como gestor, você tem responsabilidade civil, penal, trabalhista, ambiental e tributária.

Se você é um síndico orgânico e não tem conhecimento suficiente para auferir a regularidade e capacidade técnica de uma empesa antes de contratar, peça ajuda. Socorra-se em uma consultoria, busque apoio de seus conselheiros, administradora e forme uma comissão de obras para aumentar a participação dos condôminos.

Se você é um síndico profissional, lembre-se que sua responsabilidade aumenta, pois parte-se do princípio de que você é um expert no assunto e erros básicos não são tolerados.

A depender do volume e grandiosidade da obra, avalie a possibilidade de ter um assistente técnico para auxiliar desde o escopo da obra para orçamentos e contratação, até o acompanhamento da execução do serviço.

Por fim, não me venha com a máxima que fatalidades são um em um milhão, porque o nosso foco é sempre uma gestão profissionalizada e segura para todas as partes.

Fique atento.


[1]Fonte:  https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2023/08/21/grave-acidente-com-onibus-de-torcedores-do-corinthians-o-que-se-sabe-e-o-que-falta-esclarecer.ghtml consultado em 27/08/2023.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *